Prevalência de sífilis gestacional e fatores associados: um panorama da Serra Catarinense

Autores

DOI:

10.24276/rrecien2022.12.37.323-333

Resumo

Estimar a prevalência de sífilis gestacional (SG) em mulheres atendidas em uma maternidade da Serra Catarinense e conhecer as características sociodemográficas, comportamentais, de uso dos serviços e o desfecho dos recém-nascidos (RN) de gestantes com sífilis. Estudo quantitativo retrospectivo, com coleta de dados de prontuários dos anos de 2015 a 2018. Dos 11.720 prontuários analisados, 515 eram de gestantes admitidas durante o trabalho de parto com teste positivo para sífilis. A prevalência de SG foi de 4,4%. As gestantes tinham idade entre 20-29 anos (56,7%), cor branca (69,3%), solteiras (54,0%), sem trabalho remunerado (69,1%) e baixa escolaridade (49,3%). Observou-se ampla cobertura de acompanhamento de pré-natal (93,6%) e diagnóstico realizado precocemente (41,6%). Entretanto, o tratamento foi considerado inadequado em 78,3% das gestantes e seus parceiros e 6,4% dos RN nasceram com sífilis ativa. Conclui-se alta prevalência de SG na referida maternidade, relacionada com falta de tratamento das gestantes e parceiros. 

Descritores: Sífilis, Gestantes, Epidemiologia.

 

Prevalence of gestational syphilis and associated factors: a panorama of the Serra Catarinense

Abstract: To estimate the prevalence of gestational syphilis in women attended at a maternity hospital in Serra Catarinense and to understand the sociodemographic, behavioral, use of services and outcome of newborns of pregnant women with syphilis. Retrospective quantitative study, based on medical records from 2015 to 2018. Of the 11,720 medical records analyzed, 515 were of pregnant women admitted during labor with a positive test for syphilis. A prevalence of gestational syphilis was 4.4%. Pregnant women were between 20-29 years old (56.7%), white (69.3%), single (54.0%), with no paid work (69.1%) and low education level (49.3%). There was wide coverage of prenatal care (93.6%) and early diagnosis (41.6%). However, the treatment was considered inadequate in 78.3% of the pregnant women and their partners and 6.4% of the newborns were born with active syphilis. It is concluded that there is high prevalence of gestational syphilis in referred maternity, related to lack of treatment for pregnant women and partners.

Descriptors: Syphilis, Pregnant Women, Epidemiology.

 

Prevalencia de sífilis gestacional y factores asociados: un panorama de la Serra Catarinense

Resumen: Estimar la prevalencia de sífilis gestacional (SG) en mujeres atendidas en un hospital de maternidad de la Serra Catarinense y conocer el sociodemográfico, conductual, uso de servicios y evolución de recién nacidos de gestantes con sífilis. Estudio cuantitativo retrospectivo, basado en datos de historias clínicas de 2015 a 2018. De 11.720 historias clínicas analizadas, 515 correspondieron a gestantes ingresadas durante el trabajo de parto con sífilis positiva. La prevalencia de SG fue del 4,4%. Las mujeres embarazadas tenían entre 20 y 29 años (56,7%), blancas (69,3%), solteras (54,0%), sin trabajo remunerado (69,1%) y bajo nivel educativo (49,3%). Se observó amplia cobertura de atención prenatal (93,6%) y diagnóstico precoz (41,6%). Tratamiento inadecuado en el 78,3% de las embarazadas y sus parejas y el 6,4% de los recién nacidos con sífilis activa. Se concluye alta prevalencia de SG en maternidad referida, relacionada con falta de tratamiento en gestantes y parejas.

Descriptores: Sífilis, Mujeres Embarazadas, Epidemiología.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

World Health Organization. WHO publishes new estimates on congenital syphilis. 2019.

Kahn JG, Jiwani A, Gomez GB, Hawkes SJ, Chesson HW, Broutet N, et al. The cost and cost-effectiveness of scaling up screening and treatment of syphilis in pregnancy: a model. PLoS One. 2014; 9(1):1-10.

Wijesooriya NS, Rochat RW, Kamb ML, Turlapati P, Temmerman M, Broutet N, et al. Global burden of maternal and congenital syphilis in 2008 and 2012: a health systems modelling study. The Lancet Global Health. 2016; 4(8):e525-e533.

Gomez GB, Kamb ML, Newman LM, Mark J, Broutet N, Hawkes SJ. Untreated maternal syphilis and adverse outcomes of pregnancy: a systematic review and meta-analysis. Bull World Health Organ. 2013; 91(3):217-26.

Korenromp E, Rowley J, Gonzalez M, Mello, M, Wijesooriya N, Mahiané S, et al. Global burden of maternal and congenital syphilis and associated adverse birth outcomes - Estimates for 2016 and progress since 2012. PloS One. 2019; 14(2):1-17.

Organização Mundial da Saúde. Eliminação mundial da sífilis congénita: fundamento lógico e estratégia para ação. 2008.

Organização Mundial da Saúde. Validação da OMS para a eliminação da transmissão de mãe para filho de HIV e/ou sífilis. 2018.

Brasil. Boletim Epidemiológico. Brasília: Ministério da Saúde. 2019. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/boletim-epidemiologico-sifilis-2019>. Acesso em 18 abr 2020.

Pavan RR, Magajewski FRL. Tendência histórico - epidemiológica da Sífilis Congênita no Estado de Santa Catarina no período 2007-2016. Arquivos Catarinenses de Medicina. 2018; 47(4):39-52.

SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Dados fornecidos pela responsável da vigilância epidemiológica da Regional de Saúde de Lages, em 15 de março de 2019, dados sujeitos a alterações conforme atualização do sistema. 2019.

Oliveira RA, Canani RG, Masiero AV, Silva BF. Fatores associados à prevenção e controle da sífilis gestacional: panorama e desafios. Rev Contribuciones Ciencias Sociales. 2020. Disponível em: <https://www.eumed.net/rev/cccss/2020/02/prevencao-controle-sifilis.html>. Acesso em 18 abr 2020.

Domingues RMSM, Lauria LM, Saraceni V, Leal MC. Manejo da sífilis na gestação: conhecimentos, práticas e atitudes dos profissionais pré-natalistas da rede SUS do município do Rio de Janeiro. Ciênc Saúde Coletiva. 2013; 18(5):1341-1351.

Macêdo VC, Lira PIC, Frias PG, Romaguera LMD, Caires SFF, Ximenes RAA. Fatores de risco para sífilis em mulheres: estudo caso-controle. Rev Saúde Pública. 2017; 51(78):1-12.

Albuquerque CM, Oliveira ICL, Nobre CS, Couto CS, Frota MA. A compreensão da qualidade de vida atrelada à sífilis congênita. Rev APS. 2015; 18(3):293-297.

Brasil. Portaria nº 1.459, de 24 de junho de 2011. Institui no âmbito do Sistema Único de Saúde a Rede Cegonha. Diário Oficial da União. 2011. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1459_24_06_2011.html>. Acesso em 02 jul 2019.

Amures. Associação dos Municípios da Região Serrana. Disponível em: <http://www.amures.org.br>. Acesso em 13 jul 2019.

Brasil. Diretrizes para controle da sífilis congênita: manual de bolso. Brasília: Ministério da Saúde. 2006. 70. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_sifilis_bolso.pdf>. Acesso em 03 out 2019.

Munkhuu B, Liabsuetrakul T, Chongsuvivatwong V, McNeil E, Janchiv R. One-stop service for antenatal syphilis screening and prevention of congenital syphilis in Ulaanbaatar, Mongolia: a cluster randomized trial. Sex Transm Dis. 2009; 36(11):714-720.

Oliveira LR, Costa MCN, Barreto FR, Pereira SM, Dourado I, Teixeira MG. Evaluation of preventative and control measures for congenital syphilis in State of Mato Grosso. Rev Soc Bras Med Trop. 2014; 47(3):334-340.

Nonato SM, Melo APS, Guimarães MDC. Syphilis in pregnancy and factors associated with congenital syphilis in Belo Horizonte-MG, Brazil, 2010-2013. Epidemiol Serv Saúde. 2015; 24(4):681-694.

Padovani C, Oliveira RR, Pelloso SM. Sífilis na gestação: associação das características maternas e perinatais em região do sul do Brasil. Rev Latino Am Enferm. 2018; 26:e3019.

Silva JG, Gomes GC, Ribeiro JP, Jung BC, Nörberg PKO, Mota MS. Sífilis gestacional: repercussões para a puérpera. Cogitare Enferm. 2019; 24(1):1-11.

Rahman MM-U, Hoover A, Johnson C, Peterman TA. Preventing Congenital Syphilis – Opportunities Identified by Congenital Syphilis Case Review Boards. Sex Transm Dis. 2019; 46(2):139-142.

Romanelli RMC, Carellos EVM, Souza HC, Paula AT, Rodrigues LV, Oliveira WM, Silva HHRM, Sacramento JPTC, Andrade GMQ. Management of syphilis in pregnant women and their newborns: is it still a problem? Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis. 2015; 27(2):35-39.

Figueiredo DCMM, Figueiredo AM, Souza TKB, Tavares G, Vianna RPT. Relationship between the supply of syphilis diagnosis and treatment in primary care and incidence of gestational and congenital syphilis. Cad Saúde Pública. 2020; 36(3):1-12.

Patel S, Klinger E, OʼToole D, Schillinger J. Missed Opportunities for Preventing Congenital Syphilis Infection in New York City. Obstetrics Gynecology. 2012; 120(4):882-888.

Domingues RMSM, Leal MC. Incidência de sífilis congênita e fatores associados à transmissão vertical da sífilis: dados do estudo Nascer no Brasil. Cad Saúde Pública. 2016; 32(6):1-12.

Cardoso ARP, Araújo MAL, Cavalcante MS, Frota MA, Melo SP. Análise dos casos de sífilis gestacional e congênita nos anos de 2008 a 2010 em Fortaleza, Ceará, Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2018; 23(2):563-574.

Figueiredo MSN, Cavalcante EGR, Oliveira CJ, Monteiro MFV, Quirino GS, Oliveira DR. Percepção de enfermeiros sobre a adesão ao tratamento dos parceiros de gestantes com sífilis. Rev Rene. 2015; 16(3):345-354.

Santos RRG, Freire I, Pizzinato A, Rocha KB. Percepção dos profissionais para implantação do teste rápido para HIV e Sífilis na Rede Cegonha. Rev Psicol Saúde. 2018; 10(3):17-29.

Publicado

13-03-2022
Métricas
  • Visualizações 0
  • pdf downloads: 0

Como Citar

CANANI, R. G. .; SOUZA, M. C. F. de .; BELLINATI, N. V. da C. .; MASIERO, A. V. .; SILVA, B. F. da . Prevalência de sífilis gestacional e fatores associados: um panorama da Serra Catarinense. Revista Recien - Revista Científica de Enfermagem, [S. l.], v. 12, n. 37, p. 323–333, 2022. DOI: 10.24276/rrecien2022.12.37.323-333. Disponível em: https://recien.com.br/index.php/Recien/article/view/576. Acesso em: 1 abr. 2025.

Edição

Seção

Artigos